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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Novidade

Galeraa...

Juntei o conteúdo de todos os meus blogs e deu nessa nuvem de tags aqui ao lado >> Como  toda escolha requer perdas também, acabei ficando sem os comments e tendo de colocar abaixo as datas correspondentes...mas, creio que assim vai ser tudo mais fácil, rs.

Espero que curtam...

Fiquem na PAZ. 

Changes


Sabe,

Ontem, olhei aquele vestido dos meus sonhos na vitrine da loja 102. Está feio, velho e em um mostruário ridículo. Será que ainda o quero?

- E ainda há dúvida?

É que, mesmo com toda feiura, restou-me o açúcar do sonho de tê-lo. Esse sabor é mais fácil de se desfazer. Lembro-me de como ele era lindo. E logo, caio na dúvida.

Mas, é só olhar de novo para a vitrine, que vejo que está como chiclete passado.

Não. Não o quero mais.

[Tudo muda. Embora algumas coisas não findem, mudam, certamente. E é engraçado como algumas perdem completamente o tom, o glamour, o efeito reforçador em nós. É como os vestidos que você queria quando criança e hoje nem lembra mais que um dia quis.]


03/02/09

Mudanças


É hora de parir.
Mudar é um parto. Normal.


04/02/09 

O Outro Pingo do I

O "i" tem um pingo.
Eu sou o outro pingo do "i".
O incorreto, o incerto, o cheio de dúvidas.
Ando devagar, ando a divagar...ando no ar.
E tô aqui...do lado errado.
De repente, eu descubro minha função.
Ou de ponto final, ou de início de reticências, ou de rabisco poético.
Por enquanto, sou o outro pingo.
Por enquanto, sou.
Por enquanto.
Por.
P. .


27/02/09

Amém

Que o medo não nos impeça. Que a lágrima não nos afogue. Que a casa não desabe. Que o raio não caia sobre nós. Que a lama não nos inunde. Que o piche não finque em nossos pés. Que a vergonha não nos paralise. Que o erro não nos mate. Que os limites não nos sufoquem. Que o mal não nos vença. Que a fraqueza não nos domine. Que a vida não nos abata. Que os problemas não falem tão alto em nossa alma. Que a alegria mande em nós, não tanto quanto o equilíbrio, a fé e a prudência, mas que mande. Que sejamos bons. Que sejamos melhores sempre. Que sejamos bons, mesmo com tudo que pode estar mal em nossas vidas e mesmo com tudo de mal que pode haver em nós. Que sejamos bons, por acreditarmos que existe alguém que nos melhora. Que sejamos bons, porque Deus não apenas visita, mas Deus habita em nosso ser. Que a descrença não nos sucumba. Amém.


28/02/09

Adoro Quando Chove


A chuva limpa. Limpa as ruas, limpa alguns becos, limpa a cidade. A chuva leva. Leva o lixo pra outro canto, leva a lama, leva o palito de picolé já não-utilizado. A chuva enche. Enche o buraco de água, os becos de pingos, a cidade fica tapada.

Mas, e pra onde vai o lixo? A chuva leva, não sei pra onde.
E pra onde vai o palito? A chuva leva, não sei pra quem.
E pra que os becos cheios? A chuva enche, não sei porque.

Não sei matematicamente dos estragos que a chuva causa. Não sei milimetricamente das coisas que a chuva faz. Mas, nesse meu devaneio de agora, penso que algo é fato: a chuva muda.

A chuva muda o buraco, muda as ladeiras, muda as esquinas, muda o céu, muda o seu humor, muda a sua roupa, muda o seu estado.

A chuva faz eu pensar no outro lado das coisas. Porque quando ela chega, nada fica igual. Tudo muda. Tudo muda. Tudo muda.

Adoro quando chove.

E pra guardar a lembrança da chuva...eu ponho os baldes na bica, para encher.
Os baldes cheios de chuva lavam, limpam, mudam.

O que era antes, com a chuva, não mais vai ser.
Adoro quando chove.
Chove, que eu adoro.

02/03/09

Inexplicável


Inexplicável o riso oculto do menino, o brilho que há fora de onde ele está, o brilho que há dentro do coração dele. Só ele sabe. Só ele sabe. E inexplicável é.
Inexplicável a conta que ele faz de cabeça, o português que ele sabe, a rosa que ele deu a mãe. Só ele fez. Só ele fez. E inexplicável é.
Inexplicável a bala que ele negou, a mordida que ele deu na irmã, a irmã que ele tem. Só ele vive. Só ele vive. E inexplicável é.
Inexplicável o gol que ele fez, as figurinhas que ele perdeu, o jogo que ele trocou. Só ele passou. Só ele passou. E inexplicável é.
Inexplicáveis as quedas que ele teve, os metiolates que ele enfrentou, os gessos que ele usou. Só ele usou. Só ele usou. E inexplicável é.
Inexplicável a dor que ele sentiu, o professora que ele odiou, o lanche que ele comprou. Só ele comeu. Só ele comeu. E inexplicável é.
Inexplicável o som que ele gosta, o brinquedo que ele tem medo, a pessoa que ele ama. Só ele sente. Só ele sente. E inexplicável é.
Inexplicável é a canção que ele cantou, a vergonha que ele passou, o som que ele curtiu. Só ele ouviu. Só ele ouviu. E inexplicável é.
Existe algo nesse menino, que só ele possui.
É ele, de verdade.
Ele, mais intensamente.
Ele, em sua totalidade.
Ele, que ele nem entende muito.
Mas, é só dele. Só dele. E inexplicável é.
Inexplicável é.

04/03/09

Merecemos

Que é difícil perdoar, todo mundo sabe. A frase sem ação, "eu perdoo", não sabe 1/4 do que diz. As frases não sabem de nada mesmo, elas só saem da boca. Quem sabe das coisas é o coração e o cérebro. Eles sim, não dormem, quando não perdoados; não silenciam, quando em apuros; não esquecem e dóem, enquanto a decepção não sara.

Por essas e por outras, Deus vem, não só nos ensinar a perdoar, mas também, nos ajudar a perdoar. Quando a nossa humanidade pulsa, e tudo que sabemos é jogar o balde na cara do outro, Deus grita em nossos corações: "Não...não!".

Você já ouviu essa voz? A voz do Senhor que diz: Seja mais santo, seja mais humilde, seja menos orgulhoso, seja mais cristão?

É a voz do Senhor que deve sucumbir as outras dentro de nós, quando estamos em alguma situação complicada ou complicadíssima.

Então, o que faremos com a dor que nos causaram? Ouça a voz do Senhor que diz: perdoe. E com a trapaça que nos fizeram? Ouça a voz do Senhor, que diz: perdoe. E àqueles que jamais pediram perdão? Ouçamos a voz do Senhor. Em tudo e sempre, a voz do Senhor é quem manda.

Como diz São Paulo, que Deus cresça em mim...e eu diminua.
Só assim, o perdão nasce alegre. Só assim, nos aproximamos do sonho de Deus para nós e da santidade.

Sem perdão, não há paz, não há irmandade. Deus nos quer felizes. Deus nos quer unidos.

Perdoemos hoje e sempre.
Que é difícil perdoar, todo mundo sabe.
Mas, merecemos.
Todos nós, filhos de Deus: quem errou, quem acertou e quem fez os dois.

06/03/09

Carregando


Carregando.
Aí está o meu crescimento.
09/03/09

É...isso mesmo.


Tem quem não saiba lidar com as palavras e fuja, sem saber pra onde.
Eu prefiro o esclarecimento: o tète a tète, o sorriso que me diz algo, a lágrima que grita, o perdão pedido com letras garrafais, o amor declarado em bom tom de voz, o palavrão explícito...o límpido, o transparente.
Não que eu saiba lidar com todas as palavras ou com todos os gestos.
É que eu prefiro enfrentá-los e ver no que vai dar - ou seja, chegar em algum lugar - a me esconder nos grilhões do que nada diz.
Somos responsáveis pelo que dizemos e pelo que não dizemos...
Pelo que somos e pelo que deixamos de ser.

E disso tudo lembraremos um dia...com tristeza ou com alegria.
Isso implica dizer que nossas escolhas de hoje...
Você já sabe, né?
É.
Isso mesmo.

Isso implica dizer que nossas escolhas de hoje...
Você já sabe, né?
É.
Isso mesmo.

 13/03/09

Anel


Sorriso fino. Fino, porque magro. Magro, porque singelo. Singelo, porque suave. Suave, porque sorriso fino. E ela se recordava do anel que perdera. Ele já só cabia no mindinho. Jamais fora de ouro e as marcas da bijuteria barata explicitavam-se, dia após dia, mais e mais. Anel magro, porque apertante. Mas valia mais que uma folha de bananeira vale pra uma formiga. Disse: mais. E ela não esquece o dia da perda, o valor da perda e a saudade do anel. Ela paira no ar, junto ao monte de gente que a rodeia e, sem fechar os olhos, sente o anel ainda em seu dedo. Ah, se ele soubesse... Anéis não sabem. Mas, que mágoa do anel que não sabe de nada! Do valor, do amor, da pretensão que ela dispensava sobre ele. Ela o repassaria a seus filhos e ele se tornaria um anel-herança-de-família. Foi no ônibus. Ela, um descuido de tirá-lo. Ele, um descuido de cair. Anéis não se descuidam. Lá se foi o sonho do anel. Anéis não sonham. Não houve ambiguidade. Mas, outros milhões de anéis se acha por aí...Ela não quer. Mas, não tem querer. Um hora dessas, o anel virou papinha de monstro ou o que você quiser inventar. Que anel sem coração, pensava ela. Sim, óbvio. Os anéis não tem coração.
E não é que, às vezes, nos vemos exigindo demais das coisas, do mundo, de nós? Não é tudo que se perde, que se reembolsa; não é tudo que se ganha, que jamais estraga; não é tudo que se ama, que se possui; não é tudo que é valor, que não se vai...
Do que é precioso e você tem por perto, cuide.
Do que é valor e você jamais esquece, cuide.
Do que é gente que você ama, cuide.
Do que é felicidade nessa vida, cuide.
Do que é poema que para ti fizeram, cuide.
Do que é sentimento bom que para ti guardaram,
Cuide.


Aquele valor que ela o dava. Aquele anel, coisa barata. Aquela menina, aquele amor, aquele anel.
Uma história, um romance.
Anel.


30/03/09

Palavra Brega


Afora as concepções outras de breguice, hoje escolhi a do senso-comum para comentar. Pois bem, em se tratando de vestimenta, roupa brega, pelo menos, popularmente, é aquela mal-conjugada. Você mistura tudo (todas as cores, todas as malhas, todas os estilos) e algo destoa. Na harmonia da aparência, algo desponta do equilíbrio e vira ridículo. Não que eu tenha algo contra as pessoas bregas. Convivo normalmente. Mas, que o brega normalmente é engraçado e bizarro, é. Causa algo como: "Nossa, eu não usaria isso. Não dessa forma. Não aqui".
Palavra brega é quase assim. Inadequada. Você usa, quando percebe, usou mal. Compreende a máxima: " Perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado". Você acusa quem não deve, aponta o defeito inexato, discorda, sem solidez. É uma afirmação líquida. Você fala, e vê que aquilo vai descendo, levemente da sua boca, como água que vai para o ralo. O problema é: já foi dito. Saiu. Não dá para sair aparando a água, nem a palavra dita.
Há quem tente. Um "gaguejar", um "Ops, não foi isso que quis dizer", um "Bem, mas não é bem assim"...
Mas, nem isso traz a palavra de volta pro seu cérebro - elementar. Ela já foi dita e ouvida. E mais: interpretada.
Aí está a beleza da palavra brega. Pra não dizer o contrário.
Na verdade, a palavra brega se torna mais ainda brega, de fato, quando interpretada como tal. Vai dizer que você nunca falou algo, sem intenção de magoar, de confundir ou de assustar...e o que aconteceu com o receptor da sua informação foi justamente isso: saiu magoado, confuso e assustado?
Muitas são as vezes que falamos uma palavra que para nós está na última moda de Paris e soa para o outro como brega. Se isso acontecer e a pessoa gostar de brega, tudo bem. Se não gostar, está tudo perdido. Ou quase tudo.
Sem intenção, você acaba por transmitir ao outro, não o que você quis, mas o algo mais, que vem com as palavras ditas. Aquilo que está subentendido, que está na cabeça do outro. Aquilo que não é você, mas o que o outro pensa de você.
É um choque achar que foi chique (ch, ch, ch...) e acabar sendo brega. Mas, é comum. Tudo bem que, de vez em quando, a vontade é de entrar na cabeça do outro e dizer: "Não foi isso que eu quis dizer, entenda dessa e dessa forma, lalalala...". E que isso fosse compreendido. Tudo bem que, às vezes, seria melhor só você ser emissor, receptor, mensagem, canal e tudo mais das informações. Porque ser mal-interpretado é ruim demais! É uma sensação de impunidade! O outro te julga e você está sem argumentos pra convencê-lo, simplesmente, porque ele decidiu não entender a situação de outra forma.
É. Não é fácil ser hommo sapiens e ter com isso todo o fardo da comunicação.
Sim. Por vezes, o que é excelência, torna-se fardo.
Mas, é nisso que a gente cresce e acaba se adaptando nas situações que se revelam. Não é tudo que se diz para todo mundo. Não é todo mundo que ouve tudo. Tem quem seja chique, tem quem seja brega. Tem quem seja chique, sem querer...e brega, sem saber. E ainda tem que chique e brega são conceitos que serão estabelecidos, de acordo com determinada referência. E referenciais podem mudar, dependendo de quem vê - e como. Tem tanta coisa nesse mundo, que palavras não explicam. Tem de tudo nessa vida. E um parágrafo a mais, deixa esse texto grande, em exagero. Fugirei da moda. Da moda que eu decidi para esse momento. E, como não quero ser brega, ponto.
P.S.: A foto acima: "quase-que-completamente-nada-a-ver". De propósito, para combinar com o título do texto.
31/03/09

A Suportabilidade do Amor

O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de incoveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará." (I Cr 13, 1-8)

Deus é amor. E quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais temos a possibilidade de sermos alcançados pela graça do amor e mais responsabilidade ganhamos de refletir amor. É o dom de ser santo sendo construído: aproximo-me de Deus e de Sua vontade, recebo Dele amor e transmito amor.
Amar é, portanto, uma missão para nós, cristãos. E toda missão é imbuída de mudanças, gastos, palavras, dores, sorrisos, lutas, escolhas. Ao amar, passamos por tudo isso. Somos convocados a mudar, a gastar, a sentir dor, a lutar, a escolher.
E como o amor é Deus, para vivê-lo, temos de deixar Deus morar em nós e ter atos divinos, mesmo sendo humanos. Aí está a dificuldade em amar. Porque nem sempre estamos dispostos a ser divinos, a ser santos, porque muitas vezes, temos de nos moldar muito, temos de estar muito disponíveis.
Aí é que chega Deus, não somente a nos dar Seu amor e assim, nos ensinar a amar o outro, mas também a nos curar daquilo que nos impede de amar. Curar-nos do nosso medo, do nosso orgulho, do nosso autoritarismo, do nosso querer controlar o outro...
O amor é uma conquista diária. Não se ama alguém da noite pro dia, ama-se dia-a-dia. E é no passar dos dias que o amor se afirma e se reafirma como amor. É no viver o novo, a diferença do outro, o limite meu e do outro que sei se amo ou não.
O amor não despenca do acaso, mas despenca do fato superado. O amor, pra ser amor, supera. Parece-me ser ele um sentimento exigente. Veja: Deus nos ama imensamente e por esse amor, Ele nos perdoa, nos acolhe, mesmo mediante o nosso pior ato. Nós, ao amarmos, tendemos a esses atos de perdão, de tolerância, de humilhação, de bondade.
Por isso, digo: enquanto o amor que podemos ter pelo outro não ultrapassar a fina camada que o separa do ódio, nós sempre iremos perdoar, entender, esperar, não nos enchermos de orgulho. Isso tudo, superando...
O amor é sublime. É doação. Eu dou ao outro partes de mim e o outro me dá partes de si. Cada um, funcionando de acordo com suas limitações.
Por isso, amar é uma decisão. Se você decide não arcar com o limite do outro, você está decidindo por não acolher o outro, não suportar, não resistir, não amar.
Detalhes: arcar com o limite do outro não significa concordar com as consequências que esse limite provoca. Não. Significa ajudar esse outro a conviver com esse limite e, assim, tentar ajudá-lo a ser melhor e a mudar. Porque limites sempre e todos teremos. Daí, não se foge. Mas, amor, nem sempre. Amar é escolha. Não são todos que estão dispostos a viver isso que de nós algo rouba, que em nós algo muda, que a nossa humanidade supera.
E quando Deus te der forças para amar alguém, não hesite. Amar não é fácil, mas é um sonho de Deus para nossas vidas.
Amando, nos aproximamos de Deus. Amando, nos aproximamos do outro. Amando sofremos, rimos, mudamos, superamos.
E superar é sempre um boa pedida...
Porque do que vale o orgulho, se existe algo mais bonito de se viver, que é o dom de amar?
Pensemos nisso. Não é fácil doar-se assim, como nos exige o amor. Mas, é um ato de excelência, de cristandade, de santidade, de amor.
Sim. Amar é um ato de amor. E isso nem é tão óbvio quanto parece.
Renda-se àquilo que amar pressupõe: a suportabilidade. Com ela, muitas dádivas virão, muitos frutos nascerão, muito de Deus estará em nossas vidas.
Suportemos amar o outro.
Porque assim, amar nos será um suporte. E se é o amor o suporte, tudo certo! Deus está no comando.
Não é fácil amar sempre. O amor é luta diária. Mas, Deus quer isso de nós.
Suportemos.
Amemos.
Amar está nas pequenas e nas grandes coisas e fatos da vida.
Amar está na mãe que deixa de ter a blusa que gostou, para dar ao filho o brinquedo predileto. Está no amigo que repreende o outro, mas também é para ele o ombro, o sustentáculo, na hora certa. É o casal que não sabe o porquê de existir, em meio a tantas diferenças e choques. O casal perdura. Nisso, tenho um segredo pra contar: não é o casal que perdura, é o amor que suporta e, assim, perdura.
É um pouco de inexplicável sim, o amor.
Esse estranho que nos invade...
Mas, que vem do alto, que é sublime, que nos faz melhores...
Por essas e por outras,
Amemos.
Suportemos.
Mesmo que somente Deus seja a figura do Amor Verdadeiro, Absoluto, Incondicional...
Podemos tentar imitá-lo.
E...
Sim, ainda há muito o que dizer sobre isso tudo.
05/04/09

Deixando que Deus Direcione

Somente a vontade de Deus é boa agradável. Eis uma das mais difíceis lições a aprender na caminhada de fé. Nossa tendência é querer. E querer aquilo que desejamos. Nossa tendência é pedir. E pedir aquilo que queremos.

Deus tem para nós sonhos, que somente Ele conhece, no todo. Por termos, a princípio, somente um superficial contato com os sonhos de Deus para nós, por vezes, o rejeitamos.

O sonho de Deus para nós é um plano de felicidade. Simples assim. Ao ouvirmos a voz do Senhor e seguirmos o caminho para o qual Ele nos envereda, estamos contribuindo para a nossa felicidade. A questão é: o plano de Deus não cabe em nós, às vezes.

A nossa impetuosidade, a nossa rigidez, a nossa falta de sabedoria e a nossa pressa, em especial, nos fazem sair da esfera do plano de Deus.

Deus é Deus. Você não precisa ficar cochichando no ouvido Dele, de meia em meia hora, pra Ele saber o que tem de fazer na sua vida, para que você seja feliz. Você precisa deixar-se guiar. Deixar que Deus direcione a sua vida. Não você. E isso tá longe de significar que você não vai se implicar nas suas decisões. Pelo contrário, você é sim personagem principal da sua história. Mas, o autor é Deus. Logo, quem deve dirigir tudo é Ele. Você segue, com os seus passos e as suas escolhas, em direção à vontade de Deus, que é a Verdade para a sua vida. Parece prisão, mas é liberdade. Ser livre para seguir a Deus, por nos sentirmos amados por Ele e termos a certeza de que com Ele tudo faz sentido. Tudo.

Porque, repito: somente a vontade de Deus é boa e agradável. Tudo afastado disso, é incerto, instável, impreciso. Por mais que seguir a Deus me cause dor, inicialmente, há a promessa de paz, de felicidade. Mas, se eu seguir os meus caminhos e isso me trouxer dor...não há promessa alguma. Eu pouco posso mover no mundo e na minha vida, em alguns aspectos. Deus pode tudo, em todos os aspectos. Deus é Deus. E embora isso pareça muito óbvio - e seja, de fato -, nos é custoso viver isso.

Mas, não podemos desistir.
Precisamos acreditar e deixá-Lo nos guiar.
Já que a nossa vontade é falível, por mais que nos seja doloroso, devemos seguir a vontade de Deus, que é perfeita.
E o melhor: tão logo viveremos em primavera. E entenderemos o porque de todo outono, de todo inverno, de todo verão.
E seremos testemunhos da graça de Deus em nós.
Eu disse que é uma das mais difíceis lições a aprender na caminhada de fé. A aprender e a viver. E a aprender a viver também.

Paz e Bem.
11/05/09 

Deus, direção; não dúvida.

Não é simples, mas é fato: Deus é nossa única direção para a felicidade plena. Não tem pra onde correr. É respirar fundo e ser obediente. Em todos os personagens bíblicos, podemos perceber características de obediência ou de desobediência. E existe algo muito claro nessas situações: obedeceu, se deu bem; desobedeceu, se deu mal. Óbvio, muitos são amparados pela infinita misericórdia do Senhor. Mas, por Sua infinita justiça, também são levados a arcar com as consequências do desobedecer. Coisa contrária a essa última, é aparentemente simples, mas, na verdade, muito complexa.

Às vezes, obedecer é uma agressão. Agressão, no sentido de algo que te machuca, te fere, te remodela. Um soco isso nos faz. Pode analisar...

Obedecer é um soco. Na carne. Para que o Espírito de Deus viva e seja mais forte em nós!

Nas vezes em que estamos mais longes do Espírito de Deus e menos confiantes Nele. Quanto mais cheios de Deus somos, mais conseguimos obedecer.

Tem horas que tudo fica mais obscuro, mais inatingível, mais difícil de se fazer. Mas, Deus sempre reanima e dá força; além de discernimento.

Por essas e por outras, obedecer tem muito a ver com fé. A fé é, já diz a bíblia, acreditar naquilo que não se vê, mas ter a certeza daquilo que ainda não é.

Às vezes, Deus diz: vai! E nós: pra onde? Deus: vai!

A impressão é que enquanto Deus não disser onde quer que estejamos, tudo é muito impreciso e ir fica bem mais incoerente. Portanto, deixamos de ir. Aí está o problema. O pré-requisito para atender a um chamado e ir, sem hesitar, é só um, nesse caso: ter o discernimento de que essa é a vontade de Deus. Do mais, pra onde é, como é, com quem é, a que horas....tudo isso são detalhes, que, talvez, a ti não compete saber agora.

Por isso, quando Moisés vai falar com Deus acerca do povo que está indo em direção à terra prometida e que já está a reclamar das dificuldades do deserto, Deus afirma: diga ao povo que caminhe.

Eles precisavam ter fé na terra que ainda não lhes afrontava os olhos, mas que era promessa de Deus. Eles precisavam acreditar e obedecer. Precisavam continuar caminhando, mesmo sem saber, ao certo, o destino.

Assim nos acontece muito.

Estamos sem saber pra onde ir, como chegar, com quem avançar...e Deus nos diz apenas que caminhemos. Precisamos, nesse momento, simplesmente e complexamente, ter fé e obedecer.

Sem mais, nem menos. Mesmo que, aparentemente, "sem eira, nem beira".

Deus chamou,vai!
Não interessa mais nada.
Pois o que Deus deseja semear em sua vida e em seu coração é que seguindo-O e indo para onde Ele determinou que você fosse, sempre a felicidade estará à sua espreita. Deus quer semear em seu coração, direção. Quer te ensinar que Ele é o Caminho, não dúvida, meus irmãos. Não dúvida.

Paz.
25/05/09

Perduramos Ilegíveis


Não há nada que eu possa dizer,
Que vás compreender como eu.

E nada que eu possa ocultar,
Que vás ter certeza de que isso faço.

Não há becos entre mim e ti.
Porque sou toda eu, completa.
Meus valores, minha vida, meu ser.
Não há pontes de verdade que nos liguem a um sentido só.
O meu sentido é um. O teu, outro.

Jamais me entenderás como eu mesma.

E eu jamais compreenderei a ti, como tu o fazes.

Mas, sempre estaremos juntos. Sempre andaremos rumo a ali, seja para onde for.
Só, não vou. Preciso de ti. Sejas tu quem for...

Por seres o outro,
Que, de repente, para mim se faz irmão,
Torna-te necessário.
Imprescindível.
Por mais que tão distante de meu ser,
És quem me faz ser eu e quem me diz que estou a existir.

Mas, perduramos ilegíveis um para o outro.
O que há em mim e que não podes ver, mistério é para ti e também para mim, quem sabe.

Jamais se fez um homem ou uma mulher como se fazem poemas de livros grandes e gordos: legíveis, no todo.
16/06/09

Aprendendo


Li essa frase aí do título por aí e achei pertinente. Pertinente à vida. A ofensa de outrem ensina que as palavras, os gestos, as ações machucam. O novo ensina que o velho se põe, como o sol de qualquer dia, num momento qualquer. O sair ensina que há lá fora. A ida ensina que nem tudo é pra sempre. A volta, que há coisas que perduram. É a mística do reciclável.
Na vida, tudo se recicla e assim, nos reciclamos.
As nossas emoções vão se reciclando. Os amores fluidos, esparramam-se como água no caminho da vida. Nem todos são fluidos. As amizades superficiais correm loucas em busca de solidão. Nem todas são superficiais. Os laços de lã vão-se com uma tesoura. Há laços de ferro. Espessura grande.
A vida grita aos nossos ouvidos que conto-de-fada é conto e vida é ponto.
Estamos todo segundo a dar pontos. Como os pontos de um bordado. Agimos, escolhemos, damos ponto. Não que esses pontos signifiquem um ponto final. Mas, que são decisivos. Depois de feitos, podem até ser desfeitos, mas jamais poderá ser negada a verdade de que um dia, em algum segundo, existiram.
E no balanço dos dias que passam, descobrimos. Conosco e com os outros. Descobrimos que há quem não nos entenda, há quem não sinta como nós, há quem não goste de rock, quem não suporte chocolate, quem prefira calar a falar. Há quem não perdoe, quem desande com o fio da coerência e se contradiga; quem prefira os cabelos compridos, quem odeie TV, quem rasgue poesias, quem não volte atrás, quem persista no erro. Há quem invista no novo, quem invista no velho e quem fique a pairar no horizonte da indecisão, da não-escolha, no não-ponto.
E é a vida que ensina.

Vez por outra, ela vem com esses assuntos. Cada um, uma aula. Por vezes, como aquela de quem quis muito ir ao banheiro e a professora não permitiu. Penosa. E quando não deu pra segurar? Vexatória.
A vida nos coloca de cara com nossos limites e os limites do outro. E nisso, há muito a dizer, que jamais será dito...muito a calar, que sempre se fará um grito.

Ela te ensina que há quem não se arrisque como você.
E aí?
Fazer o quê?
Aprender. Aprender que nem todo mundo quer dar a cara a tapa e que suas a motivações não são iguais as de ninguém. Aprofundadamente, de ninguém mesmo.

E mais: que as pessoas são livres para fazer suas escolhas; e que, mesmo que o seu seguir dependa de alguém, que tenhamos a certeza de que depende, aparentemente. Porque, no fundo, no fundo, podemos construir recursos para lidar com o desprezo, com o não, com a solidão, com a distância...
É só deixar as malas do medo e ir, mesmo em dor.
Um dia, os carros passando e você, a andar, lembrarão o quanto você é triste. Num outro (ou no mesmo), a flor no meio do caminho, fará você recordar da sua poesia, da sua ternura, do seu ser feliz. E você entenderá que a gente ganha aqui e perde acolá. E que uma dessas duas coisas trará riso a você, a outra choro, ou vice-versa, ou coisa assim.
Não há como aprisionar a alma. Há como ser amado de verdade.
E o que não é verdadeiro, não convém. Nem vale a pena. Por mais que você insista...
A vida mostra que não.
E a gente aprende a ser feliz, sem ter o que quer ou deseja também. Porque, de repente, esse desejo só emperra, só isola, só destrói a sua paz...

Eu não disse que era uma pertinente frase?"Quem disse que a vida não ensina a gente a ser feliz?"
02/07/09

De Toalha


Vi toda a minha casa no chão. Minhas pétalas-de-rosa queimadas, fogo alto, presente do meu fogão. Acordei, pijama na cama, toalha no corpo, banho, casa no chão.

Cada passo, um livro meu, uma poesia minha, um pedaço de mim, voando pra sei lá onde.

Minhas mágoas gritando dentro de mim e fora, ali, sentadas no sofá. Meus amores antigos e meu amor guardado. Minhas raivas curadas e minhas raivas de agora. Tudo, já posto à mesa. Leite de mim, posto à mesa. Deu medo de provar, medo daquelas coisas daquele jeito, tão explícitas. Tão na minha frente. Eu costumava colocar tudo na gaveta, escondido. Mas, vi minha casa no chão.

Meu Caetano, meu Skank, meu Nando Reis. Tudo no chão.

Sim, bateu um desespero.

Pedaços de mim à solta. Lembrei do meu amor tão sem sentido. Lembrei dos gastos, dos passos indefinidos, do "não vale mais a pena". Doeu aí.

Tudo em mim gritava "não vá", mas, a minha voz era inaudível.

Se eu me preocupei em dizer? Nem um centímetro. Nessa minha aparente humilhação, eu fui eu mesma e disse o que queria. Não dava pra me arrepender. Não tem caráter de arrependimento. Tem caráter de liberdade.

É como havia ouvido já, em algum canto: fazer o contrário, não falar, é como se eu tivesse fazendo de tudo para que a pessoa achasse que eu não era eu, e eu era! E eu sou.
E nem dava tempo pra pensar mais nisso...minha casa? No chão. Ainda.

Reagi? Da pior forma. Fiquei lá, tragando o desarrumado, como se o fato de eu estar ali anulasse a "casa do chão"...como se eu pudesse mudar algo.

"Depois de uma vez no chão, só outra!", pensei. E, mesmo assim, corria por entre tudo ali, tentando guardar na bolsa meus algos mais respiráveis, mais importantes, mais essenciais.

Peguei meu amor por ti. De toalha ainda, vi, de longe, tudo explodir. Deu tempo de correr, de não ser levada pra longe pelo fogo. Sairia eu viva?

Vi que havia trazido o amor. Mas, pra quê?
Sem ele, haveria um vazio...com ele, o desconhecido, a luta diária.

Não sei o que preferi. Nessa hora, acordei. De toalha, na poltrona da sala. Televisão ligada. Chocolate quente, já frio. Atraso. E só. Minha casa explodiria no dia seguinte.

15/07/09

Cozinha


Uma oportunidade única: esta, de estar aqui, agora, nesse fazer, nesse pensar, nesse refletir...

Chinelo no pé, banho na cabeça, sorriso no olhar...atenção no dizer. Imprimo-me aqui, nesse pedaço de papel, sem ser, nem imprimir. Gasto-me nessa lida de escrever, de descrever, de entender. E não me importo com a linearidade das coisas, com a lógica positivista, com o falar correto. Apenas escrevo.

E a vida não para. Ouço agora. (E a reforma gramatical?)

E eu poderia ser mais livre? Ou mais ousada? Ou mais calada?

Sinas da vida passam-me aqui na cabeça...momento tantos! Nem sei porque os recordo agora!

Uma oportunidade única: esta, deste momento.

Calça e blusa de pijama. Achei bonito escrever assim. Vi melodia. Encolho as pernas e tomo um gole de chocolate quente. Que vida simples, essa de agora...essa desse momento! Pudera eu ser sempre assim: simples. Mas, nem o posso. Me espera o trânsito, a buzina, o teste, o erro, a matemática, o não, o sim, o feio, o quadrado, a convenção e a obrigatoriedade gramatical da próclise em inícios de frase.

Muito me espera. E eu me guardo nesse gole de chocolate. Como se nesse instante, só tomar, ouvir e escrever me fosse um bem tão bom, tão eficaz, tão sorridente.

O gole do chocolate me faz falta nessa rapidez...
Mais um. Lembro do sorriso que deixei. Fui justa? Porque eu não acompanhei aquele sorriso? Ah, razões da vida! Razões de mim.

E lá na frente? Lá na frente, eu vou, talvez, até achar que eu deveria ter acompanhado aquele sorriso...mas, a certeza de que eu precisava não acompanhá-lo, será maior. Sinto.

Sinto essa posição desconfortável. Mudo. Você também, eu sei. Cansou de ler. Ah, nessa onda de cansaços, mesmo sem cansar, em definitivo, canso de escrever.

Outro gole.
Pode mudar de site.
Estou já na sala. E escrevendo que estou. Esse momento é único. Que liberdade! Devolvo ao mundo as palavras que comi por prazer ou que engoli, goela abaixo.

E sinto-me satisfeita em dizer.
Acabou-se o chocolate.
Cozinha.
20/07/09

Longe


E ela já estava indo pra bem longe de tudo aquilo.
Tudo aquilo tivera sido grande o suficiente, distante o suficiente, esmagante o suficiente.
É a comida doce demais.
É o doce amargo demais.
São as coisas passadas. É o tempo que passou. É o bolo passado do ponto.
É a sola desgastada. Tempo de rever o sapato.

Não, ela não voltaria aos tempos de outrora, pensava. E lhe vinha uma sensação estranhamente confusa. Parecia arroz com passas. Era uma falta de gosto de um lado, misturado com um algo não tão doce, mas, de gosto. E no fim, algo como alho, óleo e cebola.

E ela se encantava de estar assim agora...tão sóbria, tão em si, tão diferente. Antes, era até sóbria e em si, mas sempre igual, sempre igual.

Mudaram até as estações de rádio. O corte do pudim. Aprendera uma forma mais sutil de não bagunçar com o pudim, antes de ele estar no prato. Mudou até o jeito de caminhar. Agora, não havia a lembrança chagada, mas, de vez em nunca, no máximo, a lembrança calma...pequena...quase em morte. A lembrança em cura.

E o que lhe viria agora? Pensava ela, ao caminhar daquela forma, por entre aquelas árvores, daquele jeito desarrumado e atrasado de sempre.

Lembrara de algo que lera em Caio Fernando de Abreu: "Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e, pois não ficava. Completo, partiu".

Estaria ela partindo completa?
Estaria ela partindo mesmo?
Sim.
Ou melhor, sim, para a segunda. Mas, completa...completa, ela não teve certeza.

O que ela deixara atrás? O que de si ficou?
Decerto que ela queria não ter deixado nada; mas, isso não é questão de querer. Deixa-se sempre um rastro de si em tudo. Até no já ido...fica-se o que precisou.

Da tristeza, ela sabe de vez em quando. Da angústia, não mais. Do sorriso, ela sabe muito. E dessa sensação boa de liberdade, ela é expert.

É como se esses passos dela de agora fossem algo como que a distância, o sair, o ir. Ela sabe sim que passos são sempre ir. Mas, veja, aqueles passos eram um ir diferente: um ir de si-igual e partir para um si-diferente.

Mudara.
Ela mudara.
A menina, que chorava solidões pelos cantos, que dava ar de ouro ao metal (ignorantemente), que cantarolava letras suas, que dançava um trance que ela mesmo criara...ela estava prestes a continuar a mesma menina de sempre, mas com um inédito que a faria ser tudo em diferente do que havia sido: o inédito saber.

Ela descobrira que não era pertinente todo aquele dissabor por pouca coisa. E decidira, definitivamente, ir embora e ser feliz. E, certeza ela não tinha, mas havia a sensação que uma coisa estava diretamente relacionada a outra: ir embora e ser feliz.

Parou de pensar e continuou andante. E feliz.
Ainda catarolava canções que só ela sabia.
E dançava desajeitadamente, quando ninguém vinha na rua.
Caminhava.
E ia em direção ao que não sabia, ao certo. Mas, sabia que era preciso continuar. Andar.
Ela já estava indo pra bem longe de tudo aquilo.
Tudo aquilo tivera sido grande o suficiente.
Era tempo de pensar na troca da sandália antiga.

Era tempo de mudar.
E ela mudava.
Não só de passos.
Mas, de vida.
Longe.

17/08/09

Convite


Era intacto o sonho de agora.
Algo como um rebu não usado. Um anel na prateleira. Uma jujuba, no balcão do supermercado.
Todas as palavras já ditas, ela encaixotou e deixou na casa da avó. As palavras não-ditas, ela lembrava, vez ou outra.
Palavras novas: era o que ela tinha agora. Embora estas tivessem os rabiscos, as gotas, as navalhas das de antes...eram novas. Eram outras.
Montava, enquanto ouvia sua música predileta, um novo vocabulário: não hesitar falar do que sente, ser menos impulsiva, usar sandálias mais altas, estudar mais, emagrecer, entrar nas aulas de canto.
Ela se montava. Não sabia, porém, que não podia fazê-lo.
Estranho, não? Como poderia ela estar fazendo algo, que não poderia fazer? Expliquei-me mal. O que ela fazia, até podia fazer, mas não teria êxito agora.
O que ela tentava era, em minutos, construir-se outra, como se ela mesma fosse uma caixinha de fósforos...que você junta aqui, com outra acolá...e transforma em casa, mesa, brinquedo de criança ou sei lá o quê.
Mas, não. Não deixo de dar valor ao ela fazia.
Ela sonhava.
E sonhar é isto: fazer algo, que não se pode fazer ainda na realidade, em outro lugar,  na mente, no coração, na alma...
Sonhar, coloca-nos no ponto onde queremos, desejamos, sem estarmos, de fato, lá.
Sonhar é se montar.
Tentar construir-se em outra situação, como se faz com as caixinhas de fósforos, num piscar de olhos.
Tentar.
Por ora, era só tentativa.
Montar-se assim, como ela fazia, era sonhar.
E o que ela fazia, até podia fazer, mas não teria êxito agora.
O sonho ele só é, se não for.
Sonhos não são.
Sonhos pretendem.
Quando sonhamos, estamos na base do devaneio, do futuro de um dia qualquer...
Era intacto o sonho de agora.
Ela se sonhava outra. Lembrava-se dos erros bobos, do aprendizado, de como queria voltar a tantos lugares, visitar o Rio e fazer mais pelo seu livro, ainda em período experimental.
E sonhava...
Sonhava, puramente, como é todo sonho que se preze. Sem aquela de impossibilidade, desimportância, empeçilhos...
Ela se permitia livre para criar.
Sonhava com letras reais, palavras em verdade, atos mais coerentes.
Sonhava com dias mais profundos, mais aconchegantes, mais vivos...
Não que os de agora não fossem...
Mas, sonhava.
Sonhava em ser mais crítica, mais consistente, menos prolixa, mais leve...
Mais leve, mais leve...
E todo esse sonho de mudança era amparado por um outro...o profundamente esperado.
Era intacto, este sonho de agora.
E ninguém, ninguém o roubava.
Ficava dentro do mais belo pensamento que possuía...
Nem vou dizer aqui...
Porque aí,
Deixaria ele de ser intacto.
É intacto o sonho de agora.
Sonhe.
Convite.

31/08/09

Tu


Uma canção diferente sorri pra mim.

É samba.
Coração no pandeiro...
Tu, tu,tu, tu, tu, tu, tu, tu, tu,
Tutututututututututututututututu...
Tu.
15/09/09

De Música Nova


O senhor a via assim, daquele jeito...como se ela estivesse encantada com tão pouco. Era apenas um livro na prateleira! Mas, o que aquela garota via ali? Ela olhava fixamente para aquele livro velho, capa quase solta e ainda à venda. Somente ele sabia que há anos aquele livro estava ali...desejante de alguma coisa. Mas, como livros não desejam...

- Quanto custa?
Ele teve seus pensamentos aleatórios interrompidos pela pergunta-de-todo-dia.
- R$ 37.
- Hmmm...o senhor faria por R$ 70?
Como assim? pensou ele...
- Como assim?
- Quero comprá-lo por R$ 70.
- Não seria mais fácil a senhorita procurar um que seja desse preço?
- Talvez. Mas, quis experimentar assim, dessa vez...
Experimentar? Do quê essa menina está falando?!
- Experimentar?
- Sim. Posso ou não posso comprar por R$ 70?
- Bem, não!
Respondera, de pronto, mas sem nem ao menos saber, ao certo, o porquê da negação.

- Tudo bem. Adeus.
- Adeus.
Ele quase não reflete acerca disso, mas parou e pensou: Adeus?! Mas, ela nem insistiu?! Agora ele sentia algo como raiva e dissabor...
"Pessoa estranha", pensou.
- Quanto custa?
Logo seu outro pensamento aleatório fora interrompido pela pergunta-de-toda-vez. E isso foi o dia todo, initerruptamente.
[...]
Depois da ultima venda do dia, ele voltou a esta quase-venda. Mas, que raios ele havia feito?! Não queria ele vender? E ela comprar? Por que ele não vendeu e ela não comprou? Ele se percebera tão incoerente...não teria aquela garota o direito de dar mais pelo livro, se ela queria dar mais?! E a paixão com a qual ela olhara o livro?! Por que não tivera ele considerado a paixão? O que ela faria com este livro? E por que ela aceitara, sem insistir, o não que ele tivera dado?! Perguntas agora já tão afoitas de ser respondidas... mas ele tinha certeza que, provavelmente, ele as teria, intactas e irrepreensíveis ainda por muito tempo.

Fechara o cebo. Naquele dia a venda fora tão ruim. Eram muitos "quanto custa?" e poucos "vou levar!". Sem contar, que ele não quis vender.

No caminho para casa, encontrara dona Daise. Senhora astuta, concisa e trabalhadora. Ela vendia bombons deliciosos. Armando os comprava todos os dias. Inclinou-se um pouco, para pegar o dinheiro no bolso da calça-do-dia e vira: estava sem um centavo seu. E não tiraria da venda da loja. Pensou em pedir para pagar mais adiante, no outro dia, quem sabe. Mas, lembrou da não-venda. Ora, se ele não deixara a garota comprar mais caro, queria agora comprar a preço de nada?! Essa analogia, na verdade, nem era tão lógica assim. Mas, esse questionamento de por que não ter vendido aquele livro não lhe deixava o pensamento.
E, o bombom, ele pagaria depois...continuara sua discussão consigo mesmo. E a garota? A garota pagaria na hora e mais dinheiro ainda! Por que ele não havia aceitado?! Aquilo não saía de sua cabeça!

- Se decida, siô...vai um de cupuaçu?
- Não, não...

Não parara de pensar em por que não tivera vendido o livro com o preço acima do normal. Ele sabia. Havia achado muito diferente da parte dela não pedir um desconto, mas um mais-conto. E ele quisera ser igual. O de sempre.

- Não mesmo? Olha que eu fiz esse aqui de...
- Não mesmo, dona Daise. Hoje não.

Hoje não...pensou ele. E seguiu, caminhando. Estava na hora de ele se permitir ser diferente. Pra pagar a igualdade da não-venda, ficou com a diferença do não-bombom.

O livro até hoje paira nas prateleiras daquele cebo-do-homem-que-não-vendeu.

Mas, ao menos, aprendeu.
Agora, está de música nova.
E livros, ainda velhos. Mas, à venda.

[É que a gente insiste em querer que os outros ajam como agiríamos, façam o que faríamos e comprem ao preço que impusemos. De repente, vem a vida, e nos diz que tudo não gira ao nosso redor. Que nem sempre estamos certos em nossas conjecturas. Que nossas intuições falham. E nos joga no meio do abismo. O abismo da mudança. É até um bom abismo, às vezes. Se você precisar, hoje não compre bombons e venda livros ao preço solicitado . Mudar é morango com leite condensado.]
16/09/09

Dias Como Esses


Teclado ruim, visor fosco...mas, computador.
Em dias como esses, que conseguimos ver no velho mendigo a dor, a miséria, a infância pedinte, o sofrimento insípido, mas gente.
Em dias como esses, precisamos encontrar razões maiores.
A razão maior, por detrás da inabilidade das partes do computador, mesmo depois dos arranhões e da ação de qualquer um, é o que antecedeu sua criação: o desejo de que ele fosse útil.
Antes do visor fosco, existiu o sonho de um visor limpo, teclado deslizante, agilidade, praticidade. Computador.
Com gente, isso ainda fica mais profundo ainda. Isso, que estou tentanto falar desde o início. Isso, de se ver que pode existir em tudo uma essência boa.

O velho mendigo. Ele e suas dores. Por detrás dele, o sonho da mãe de poder alimentá-lo, supri-lo, vê-lo feliz. Se não...o sonho dele mesmo em ser diferente do que é.
Por detrás dessas maledicências todas que encaram o ser humano (não as que ele provoca, mas as que ele sofre, recebe), pode acreditar que existe algo de sonho.
Em dias como esses, que o mundo sofre e chora todos os dias...é saudável procurar o sonho das coisas nas coisas.
Procurar a arte, o belo.
Em dias como esses, que tantos se acomodam pelo meio das ruas, que a indelicadeza suprime o riso, que palhaços somos nós também, mediante um porção de irreverências políticas e sociais...
Em dias como esses, lembremos de quem nos criou.
E o sonho Dele.
Deus não quis nada disso de sombra que encanta esse mundo.
Deus quis o belo, a arte.
Deus quer de nós a pureza, a inocência, o cultivo das forças de bondade.
Deus quer que vejamos o olhar da criança que chora de fome e possamos, não apenas nos compadecer, mas também, nos implicar nisso e fazer algo...além de ver a flor no olhar dessa criança.
A flor. Isso que desabrocha, isso que muda...e que, embora murche, continua sendo flor. Essa palavra bonita, que nos remete ao poético, ao amor, ao jardim.
Infelizmente, não conseguimos agir sempre.
Não sei, isso me dá impressão de um estar-de-mãos-atadas proposital. Porque, às vezes, podemos sim fazer mais pelo outro. E, simplesmente, não fazemos.
Mas, ao mesmo tempo, não esqueço das coisas de tantos quilômetros afora...as quais só podemos ver pela tv...parados, comendo fandangos e tomando coca.
É uma vida de perigos, a que vivemos hoje. De assaltantes, de sequestros, de corrupção, tapas aos pequenos.
E o que fazemos disso?
Gosto de pensar na habilidade que tem o pensar que, por detrás disso, há o sonho de Deus para esse mundo. Embora Seu reino não seja daqui. Mas, Deus deseja estar mais aqui. Nos corações, na mente, na conduta das pessoas.
Em dias como estes, que o mais importante é o menos importante...eu persisto em buscar o brilho.
Sabe o rosto infantil e triste do sertão nordestino?
Existe aí, lá no fundo, um sonho de ser melhor.
Você consegue ver?
E o que você faz com isso hoje?

Você já fez algo com isso alguma vez na vida?

Teclado ruim, visor fosco...mas, computador.
Velho medigo, doente, pedinte...mas, gente.

O computador, a gente joga fora.
As pessoas...
Bem, não se deve jogar.

Em dias como esses, é bom pensarmos na vida.
Em como vivemos...
Em como deixamos o outro viver.

Um Copo de Leite. Derramado.


Acho que hoje eu pude sentir o sentido do perdão. O sentido: a razão de as coisas acontecerem, o porquê daquilo, a direção que aquilo pode dar, o essencial do ato.

Às vezes, as pessoas nos magoam tanto, que é quase impossível perceber uma fresta de possibilidade de perdão. É como se elas tivessem gasto todo gás...e depois, quisessem vir atrás de assar um bolo. Não dá! Não dá! Acho que nosso coração grita mais ou menos isso. Não dá!

E a gente definitivamente não se vê conversando de novo com essa pessoa, ou sei lá...ao menos, oferecendo uma bala-de-alho.

Mas, se você tenta fazer diferente, passar pela dor, pela frustração, pela mágoa...se você não permite que essas coisas durem mais que o necessário (óbvio que precisamos de um tempo, pra vivenciar a consequência de um engano)...se você não ressente o já sentido...você consegue alcançar o verdadeiro sentido das coisas.

Conseguimos perceber que podemos nos curar de mágoas e que, parte disso, é dar a oportunidade de o outro ter uma nova chance. Chance de conversar de novo com você, de te mostrar, talvez, que mudou...enfim. Coisas assim.

Acho que tem gente que não vai mudar tão cedo, que há pessoas que nos magoaram e vão continuar nos magoando...mas, acho também que isso não deve ser nosso referencial.

Nosso referencial deve ser Cristo. Aquele que nos ensinou a história do "dar a outra face". Não em uma perspectiva sado-masoquista, mas no sentido de dizer: " Cara, você já me torrou a paciência, mas, vai lá, tudo bem! Te dou uma outra chance...te dou minha outra face. Quem sabe, dessa vez, você não me dê outro tapa".

Acho que as pessoas merecem uma nova chance. Nós também. E as coisas não precisam ser como eram antes. Na verdade, as coisas nunca são como eram antes. Todo dia, a vida é nova, brota como uma semente, que muda, a cada dia.

Acho que se o leite caiu, joga-se no lixo, limpa-se o local. Enfim, desconsidera-se o leite. Mas, o copo não precisa ficar inutilizável.

Que você possa, como eu, limpar o leite derramado...deixar o copo uns tempos no armário...mas, num dia qualquer, reutilizá-lo. Talvez, como recipiente de outra coisa, não de leite. Pela lembrança daquele um dia derramado e quente...que pode ter de causado uma bela marca no braço.

Que você possa perdoar. E ver o sentido bonito disso: viver o amor mais que os outros sentimentos. Ser mais de Deus, que dos outros. Isso tem o poder de nos fazer sentir um bem inexplicavelmente leve, brando, feliz.

Ah, sim...o copo é de plástico. Afinal, não somos de vidros. De plástico, também não. Mas, entre os dois, preferi o último, já que não quebra fácil.

Quando a gente erra, a gente não quebra. As coisas ficam e se transformam. Ou em mais erro ou no início de um acerto.
Quando a gente perdoa, a gente acredita que o outro sempre tem possibilidade de acertar. E mais: nos damos a chance de fazer isso, por meio do perdão.

Enfim, perdoar é lindo, embora penoso.
É um copo de leite derramado.



[Texto sem melodia, sem desenho, nu...mas, verdadeiro. Porque foi exatamente o que eu senti.]
10/10/09

"Falta tanta coisa na minha janela..."

[...] como uma praia...". Diz uma música de Teatro Mágico.
Hoje, parei pra pensar nas minhas prioridades. Na verdade, na minha dificuldade em tê-las. Na mais verdade ainda, na tristeza de ter de tê-las. Se a gente pudesse fazer tudo que quer...
E se pudéssemos sempre fazer o que queremos. Isso tudo é bem mesmo na base do "se".
Não sei, mas acho que esse fim de curso tá enbananando a minha cabeça.
Hoje me senti fazendo tudo e não fazendo nada.
Acho que uma hora ou outra na vida, a gente se sente assim...nem que seja numa escolha errada dos afazeres de domingo, no atrapalho de um dia infestado de desencontros, enfim...num bolo desse qualquer.
Hoje, me vi num bolo. Tendo de decidir se queria mesmo continuar sendo bolo ou se iria resolver ser gente...
Gente não faz tudo [Bolo também não, mas espero que você tenha entendido o declinar da analogia].
Gente não arca com tudo.
Gente prioriza.
Gente escolhe um, dois ou três. Mas, se escolher dez, vira bolo [Volto à analogia].
Hoje jogaram a decisão nas minhas mãos, como se joga uma bola a quem deve marcar ponto, em menos de 8 segundos.
Dói escolher. Vai-se uma porção de sonhos, sortes, livros, amigos, salas, contatos, leitores. Cada escolha, uma penca de menos. Menos um monte de coisa. E um monte de mais. Mais um monte e coisa. Só não dá pra ter tudo...
É, eu, nessa minha maluquice de querer abarcar o mundo com os olhos, preciso entender que chega num ponto que não dá mais.
Escolhi entender isso.
Lutar contra e agir de ré, é pior.
Você acaba achando que está fazendo tudo, sem fazer nada...
Talvez isso seja pior. Até porque beira a ilusão.
Hoje escolhi escolher melhor...
E aturar a dor das escolhas.

"[...] Falta tanta coisa na minha janela, como uma praia [...]".
É que hoje, eu preferi uma viagem a Boston.
Escolher: faz parte.
Entre escolher não escolher e acabar escolhendo o pior, melhor escolher, baseando-se em uma escala de prioridades.
Tô aprendendo a ser gente assim...
Arranjando menos bolos pra mim.

Se você tiver assim, cheio...quase um bolo...vire gente. É melhor, porque é o que você é. O que nós somos.

Alguém que não possui prioridades, hora ou outra, vai ver que isso não é vida.

11/09

A.

A.
A.
A.
AAA.
AAAAAAAAAAAAAAAAA.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.
Não aguento mais! Estágio no hospital, estágio fora do hospital, relatório, paciente, neurose, psicose, professor, supervisor, supervisão, voluntariado, banco, conta, detran, livro, monografia, projeto, dúvida, cansaço, 7 horas da manhã, exigência, fofoca, pressão, agenda, horário, lisura, perdas, preparar certificados, fazer arte, organizar listas, entender, explicar, ouvir, calar, não pode, não faça, não grite, não gaste, não solte, não guarde, escolhas, buscas, esperas, abre porta, fecha porta. Entra e sai. AAAA.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!



- Se todos nós, uma vez ou mil vezes na vida, precisamos de um tempo pra parar, hoje é meu dia.
A. 

19/11/09

Você, não.


Ouvi outro dia: "o que te incomoda pode estar sempre ali, mas você não precisa estar".
Verdade.
Na iminência do novo ano, decido mudar de lugar.
Fabulosa a idéia humana de dividir o tempo dessa forma. Dias, meses, anos. E isso não é bom só pro comércio. Isso é bom pra alma. Uma sensação de recomeço, a cada 365 dias. Mesmo que, na prática, o primeiro dia do ano seja um como todos os outros, no coração, ele é outra coisa.
Tem quem não sinta isso.
Paciência.
Perdeu uma ótima oportunidade de se sentir...como eu diria...ah, é inexplicável!
E nessa onda, prometo deixar o que me incomoda lá, mas partir.
Nem sempre podemos soerguer pedras de toneladas.
Não com nossos míseros 55 ou 65 kg.
Nem com 70kg.
Nem que fiquem pedaços de mim...
Pedaços grandes.
Nem assim.
Nem assim, eu deixarei de mudar.
2010, eu já te aguardo.
Respirando, desde hoje, ventos que me levarão a ser outra...
Mesmo ainda eu.
As coisas sempre estarão no mesmo lugar, mas você não precisa estar.
Você, não.
 
23/11/09