O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de incoveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará." (I Cr 13, 1-8)
Deus é amor. E quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais temos a possibilidade de sermos alcançados pela graça do amor e mais responsabilidade ganhamos de refletir amor. É o dom de ser santo sendo construído: aproximo-me de Deus e de Sua vontade, recebo Dele amor e transmito amor.
Amar é, portanto, uma missão para nós, cristãos. E toda missão é imbuída de mudanças, gastos, palavras, dores, sorrisos, lutas, escolhas. Ao amar, passamos por tudo isso. Somos convocados a mudar, a gastar, a sentir dor, a lutar, a escolher.
E como o amor é Deus, para vivê-lo, temos de deixar Deus morar em nós e ter atos divinos, mesmo sendo humanos. Aí está a dificuldade em amar. Porque nem sempre estamos dispostos a ser divinos, a ser santos, porque muitas vezes, temos de nos moldar muito, temos de estar muito disponíveis.
Aí é que chega Deus, não somente a nos dar Seu amor e assim, nos ensinar a amar o outro, mas também a nos curar daquilo que nos impede de amar. Curar-nos do nosso medo, do nosso orgulho, do nosso autoritarismo, do nosso querer controlar o outro...
O amor é uma conquista diária. Não se ama alguém da noite pro dia, ama-se dia-a-dia. E é no passar dos dias que o amor se afirma e se reafirma como amor. É no viver o novo, a diferença do outro, o limite meu e do outro que sei se amo ou não.
O amor não despenca do acaso, mas despenca do fato superado. O amor, pra ser amor, supera. Parece-me ser ele um sentimento exigente. Veja: Deus nos ama imensamente e por esse amor, Ele nos perdoa, nos acolhe, mesmo mediante o nosso pior ato. Nós, ao amarmos, tendemos a esses atos de perdão, de tolerância, de humilhação, de bondade.
Por isso, digo: enquanto o amor que podemos ter pelo outro não ultrapassar a fina camada que o separa do ódio, nós sempre iremos perdoar, entender, esperar, não nos enchermos de orgulho. Isso tudo, superando...
O amor é sublime. É doação. Eu dou ao outro partes de mim e o outro me dá partes de si. Cada um, funcionando de acordo com suas limitações.
Por isso, amar é uma decisão. Se você decide não arcar com o limite do outro, você está decidindo por não acolher o outro, não suportar, não resistir, não amar.
Detalhes: arcar com o limite do outro não significa concordar com as consequências que esse limite provoca. Não. Significa ajudar esse outro a conviver com esse limite e, assim, tentar ajudá-lo a ser melhor e a mudar. Porque limites sempre e todos teremos. Daí, não se foge. Mas, amor, nem sempre. Amar é escolha. Não são todos que estão dispostos a viver isso que de nós algo rouba, que em nós algo muda, que a nossa humanidade supera.
E quando Deus te der forças para amar alguém, não hesite. Amar não é fácil, mas é um sonho de Deus para nossas vidas.
Amando, nos aproximamos de Deus. Amando, nos aproximamos do outro. Amando sofremos, rimos, mudamos, superamos.
E superar é sempre um boa pedida...
Porque do que vale o orgulho, se existe algo mais bonito de se viver, que é o dom de amar?
Pensemos nisso. Não é fácil doar-se assim, como nos exige o amor. Mas, é um ato de excelência, de cristandade, de santidade, de amor.
Sim. Amar é um ato de amor. E isso nem é tão óbvio quanto parece.
Renda-se àquilo que amar pressupõe: a suportabilidade. Com ela, muitas dádivas virão, muitos frutos nascerão, muito de Deus estará em nossas vidas.
Suportemos amar o outro.
Porque assim, amar nos será um suporte. E se é o amor o suporte, tudo certo! Deus está no comando.
Não é fácil amar sempre. O amor é luta diária. Mas, Deus quer isso de nós.
Suportemos.
Amemos.
Amar está nas pequenas e nas grandes coisas e fatos da vida.
Amar está na mãe que deixa de ter a blusa que gostou, para dar ao filho o brinquedo predileto. Está no amigo que repreende o outro, mas também é para ele o ombro, o sustentáculo, na hora certa. É o casal que não sabe o porquê de existir, em meio a tantas diferenças e choques. O casal perdura. Nisso, tenho um segredo pra contar: não é o casal que perdura, é o amor que suporta e, assim, perdura.
É um pouco de inexplicável sim, o amor.
Esse estranho que nos invade...
Mas, que vem do alto, que é sublime, que nos faz melhores...
Por essas e por outras,
Amemos.
Suportemos.
Mesmo que somente Deus seja a figura do Amor Verdadeiro, Absoluto, Incondicional...
Podemos tentar imitá-lo.
E...
Sim, ainda há muito o que dizer sobre isso tudo.
05/04/09