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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dias Como Esses


Teclado ruim, visor fosco...mas, computador.
Em dias como esses, que conseguimos ver no velho mendigo a dor, a miséria, a infância pedinte, o sofrimento insípido, mas gente.
Em dias como esses, precisamos encontrar razões maiores.
A razão maior, por detrás da inabilidade das partes do computador, mesmo depois dos arranhões e da ação de qualquer um, é o que antecedeu sua criação: o desejo de que ele fosse útil.
Antes do visor fosco, existiu o sonho de um visor limpo, teclado deslizante, agilidade, praticidade. Computador.
Com gente, isso ainda fica mais profundo ainda. Isso, que estou tentanto falar desde o início. Isso, de se ver que pode existir em tudo uma essência boa.

O velho mendigo. Ele e suas dores. Por detrás dele, o sonho da mãe de poder alimentá-lo, supri-lo, vê-lo feliz. Se não...o sonho dele mesmo em ser diferente do que é.
Por detrás dessas maledicências todas que encaram o ser humano (não as que ele provoca, mas as que ele sofre, recebe), pode acreditar que existe algo de sonho.
Em dias como esses, que o mundo sofre e chora todos os dias...é saudável procurar o sonho das coisas nas coisas.
Procurar a arte, o belo.
Em dias como esses, que tantos se acomodam pelo meio das ruas, que a indelicadeza suprime o riso, que palhaços somos nós também, mediante um porção de irreverências políticas e sociais...
Em dias como esses, lembremos de quem nos criou.
E o sonho Dele.
Deus não quis nada disso de sombra que encanta esse mundo.
Deus quis o belo, a arte.
Deus quer de nós a pureza, a inocência, o cultivo das forças de bondade.
Deus quer que vejamos o olhar da criança que chora de fome e possamos, não apenas nos compadecer, mas também, nos implicar nisso e fazer algo...além de ver a flor no olhar dessa criança.
A flor. Isso que desabrocha, isso que muda...e que, embora murche, continua sendo flor. Essa palavra bonita, que nos remete ao poético, ao amor, ao jardim.
Infelizmente, não conseguimos agir sempre.
Não sei, isso me dá impressão de um estar-de-mãos-atadas proposital. Porque, às vezes, podemos sim fazer mais pelo outro. E, simplesmente, não fazemos.
Mas, ao mesmo tempo, não esqueço das coisas de tantos quilômetros afora...as quais só podemos ver pela tv...parados, comendo fandangos e tomando coca.
É uma vida de perigos, a que vivemos hoje. De assaltantes, de sequestros, de corrupção, tapas aos pequenos.
E o que fazemos disso?
Gosto de pensar na habilidade que tem o pensar que, por detrás disso, há o sonho de Deus para esse mundo. Embora Seu reino não seja daqui. Mas, Deus deseja estar mais aqui. Nos corações, na mente, na conduta das pessoas.
Em dias como estes, que o mais importante é o menos importante...eu persisto em buscar o brilho.
Sabe o rosto infantil e triste do sertão nordestino?
Existe aí, lá no fundo, um sonho de ser melhor.
Você consegue ver?
E o que você faz com isso hoje?

Você já fez algo com isso alguma vez na vida?

Teclado ruim, visor fosco...mas, computador.
Velho medigo, doente, pedinte...mas, gente.

O computador, a gente joga fora.
As pessoas...
Bem, não se deve jogar.

Em dias como esses, é bom pensarmos na vida.
Em como vivemos...
Em como deixamos o outro viver.

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